Quando a escassez e a aridez se prolongam, as frustrações se alongam, as forças se esgotam e as tristezas o coração abarrotam, a esperança vai embora.
E o que se faz sem esperança?
Não se cria um projeto.
Não se realiza uma obra.
Não se abraça uma pessoa.
Não se compartilha afeto.
Não se lê um livro.
Não se colhe uma maçã.
Não se deseja um filho.
Não se almeja o amanhã.
Não se estuda, porque é por demais custoso.
Não se canta, porque amar é frustrar-se de novo.
Não se vai a um espetáculo, por ser tedioso.
Não se brinca, como se não fosse bom passatempo o jogo.
Não se cansa com o prazer de quem porfia.
Não se descansa com a alegria da confiança,
Não se busca água na fonte, porque falta força para a caminhada.
Não se se sai de casa, se não com as mãos amarradas.
Não se respira vida, mas se espera o fim, como se o fôlego não passasse de intervalo para o soluço machucado.
Nada se faz, se não obrigado.
Tira-nos a esperança o trabalho em demasia, a confiança perdida, a sede não saciada, a fome não alimentada, a ação não recompensada, a injustiça constantemente experimentada.
Só uma certeza nos faz carregar a bateria: somos amados por Deus.
Esta certeza é como uma centelha que ilumina o coração, como pólvora que acende a alma, como sangue que se espalha pelo corpo.
A esperança faz a vida renascer, com projetos velhos e novos, com abraços outra vez compartilhados, com sementes e frutos, com suores e cantos, com festas e descansos, com ânimo para os recomeços.
É por isto que Deus derrama esperança sobre aqueles que a buscam com ele.
Fonte
Israel Belo de Azevedo
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